domingo, 1 de abril de 2012

Domingo, 28 de abril.

Abri os olhos no outro dia, pela manhã.
— Como Dominic é mau comigo. – Murmurei e ri.
Me levantei preguiçosamente – Ninguém merece aula no domingo. ­­–, andei até o banheiro, lavei meu rosto, escovei os dentes, desci rapidamente, tomei meu café da manhã. Voltei pro quarto, dei uma ajeitada rápida no cabelo, mudei de roupa, peguei a mochila e corri para a escola.
Chegando à escola, encontrei Dominic no portão, concentrado em um ponto fixo da paisagem, a face fechada, os olhos quase fechados. Ele não me viu chegar. Toquei seu braço, suas íris prateadas lampejaram na minha direção.
— Oi. – Sorri tímida.
— Ah, bom dia, meu amor. Como passou a noite? – Ele sorriu e beijou o topo da minha cabeça.
— Dormi como um bebê. Por que será? – Eu ri baixo. — E você? Como passou a noite? – Andamos até a sala de aula.
Ele abriu a porta pra mim.
— Peguei dois cervos ontem. – Ele sussurrou ao pé do meu ouvido.
Arrepiei-me ao imaginar a cena do ataque brutal de Dominic contra o animal.
— Todos nos seus lugares. – O professor alertou. — Tenho um comunicado a fazer.
Nos sentamos nos nossos lugares, Dominic ao meu lado.
— Faremos uma visita ao museu. Será muito útil para a disciplina e valerá pontos, por isso peço a presença de todos. – Ele andava pela sala com os braços para trás. — Sairemos amanhã. Aqui estão as autorizações. Tragam assinadas amanhã cedo. – Ele entregou-nos papeizinhos.
— Minha mãe não vai poder assinar isso. – Murmurei para Dominic.
— Eu pensei nisso agora. Tive uma ideia. – Ele murmurou, sorrindo.
— Dominic, Emily, gostariam de compartilhar seus assuntos conosco? – O professor disse alto do outro lado da sala de aula.
— Não senhor. – Dissemos simultânea e timidamente.
Ouvi risadinhas de garotas que não gostavam muito de mim, encarei-as, elas me olharam com cara feia. Baixei a cabeça e pude ver de relance que Dominic olhara pra elas com aquele olhar de deixar qualquer um calado. Eu ri baixo, virei-me para ele e sorri.
— Por nada. – Ele respondeu ao meu agradecimento.
Tivemos outras aulas e chegou a hora do intervalo.
— Emily – Dominic começou enquanto brincava com uma folhinha de um galho. — Minha ideia a respeito da autorização lhe interessa?
— Ora, lógico! – Eu ri baixo.
— Muito bem. Rose tem o poder de transformar-se no que ou em quem quiser. Quando ela se transforma adquire todas as características da pessoa que ela copiou, incluindo a voz, a genética e a musculatura. Se precisamos dos músculos das mãos para escrever...
— Rose pode se transformar na minha mãe e assinar a autorização! Perfeito, Dominic! – Eu sorri.
— Você tem um pensamento lógico bem rápido. – Ele sorriu também.
Rimos os dois juntos e, depois de alguns minutos, voltamos pra aula. Assistimos às outras aulas até que elas findaram. Como de costume, Dominic me levou em casa. Entramos, larguei minha mochila sobre o sofá e quando virei-me para ver se ele ainda estava na porta me surpreendi. Ele não estava ali. Virei pra onde minhas costas estavam apontadas e saltei pra trás.
— Desse jeito você ainda me mata do coração! – Eu suspirei.
— Me desculpe. – Ele murmurou.
Fitou-me por breves instantes e agarrou meu rosto com ambas as mãos.
— Eu amo você. – Ele sussurrou pausadamente cada palavra.
Fiquei sem conseguir responder nada a ele. Ele aproximou seus lábios frios dos meus e me beijou intensamente. Agarrou-se a minha cintura, levantou-me do chão e se sentou no sofá, ajeitando-me sobre suas pernas. Ele beijou meu pescoço por diversas vezes.
— Dominic, pare, por favor. – Sussurrei em seu ouvido.
Ele manteve seu queixo escorado em meu pescoço, ofegando forte.
— Temos que tomar cuidado, impor limites. – Murmurei.
— Me desculpe, mas ouvi seus lábios me chamarem outra vez. – Ele baixou a cabeça.
Levantei seus olhos e encarei-o.
— Eu te amo, mas pra isso dar certo, temos que tomar cuidado, tudo bem? – Eu beijei sua face.
— Tudo bem. – Ele suspirou.
Levantei-me, peguei minha mochila e subi pro meu quarto. Larguei a mochila em um canto onde eu costumava deixá-la.
Sentei na minha cama e fiquei vegetando, pensando em nada. Minha porta se abriu vagarosamente.
— Não se esqueceu de nada? – Ele pôs só a cabeça pra dentro do quarto.
— Desculpa. Fiquei pensando na minha mãe. – Suspirei. — Ela mal viajou e eu já sinto falta dela. – Encolhi as pernas e as agarrei.
Ele se sentou ao meu lado.
— Lamento. – Ele me abraçou e afagou minha face com a mão fria.
Abracei-o forte. Não suportei a saudade da minha mãe e chorei.
— Vá se acostumando. Provavelmente vou chorar o tempo todo por isso. – Eu ri baixo, em meio às lágrimas.
— Eu não vou te deixar chorar. – Ele sorriu de leve.
Abracei-o novamente, bem forte, pra senti-lo perto de mim, sentir que ele não escaparia de mim, como minha mãe.
— Vou estar sempre ao seu lado, não se preocupe. – Ele beijou meu rosto.
Levantamos da minha cama e descemos as escadas. Ele me ajudou com o almoço. Preparamos hambúrgueres, meio simples, mas já me supria. Como ele não comia, sobraram três.
— Tem certeza que não quer um? – Eu brinquei enquanto punha o prato com os hambúrgueres dentro da geladeira.
Ele riu alto.
— Não, obrigado. – Ele se aproximou da pia e lavou meu prato rapidamente.
— Não precisava fazer isso. – Eu dei um leve tapinha na mão dele. — Se eu tivesse visto que você está fazendo nem deixava você se mover. – Eu ri.
— Vou fazer tudo por você, quer você goste ou não. – Ele riu.
— Ah, é? Vou ficar brava com você, então. – Aproximei-me dele e beijei seu rosto rapidamente.
— Lamento lhe informar, mas eu duvido. – Ele murmurou, atraente.
— É… eu também. – Eu disse ainda meio tonta.
Ele riu baixo e me encarou.
— O que foi?! – Bati com os pés no chão.
— Nada! – Ele deu de ombros.
— Por que você sempre ri e olha pra mim? Isso me intimida. – Eu reclamei timidamente.
Ele se aproximou de mim, sério, seus olhos perfuravam os meus, sua boca não esboçava um mínimo sorriso.
— Me desculpe. Vou tentar me controlar ao máximo, parecer menos… intimidador, quem sabe. – Ele murmurou.
— Eu é que te devo desculpas. Estou ficando paranoica. Se você é assim… tenho que me moldar ao seu jeito de ser. – Eu suspirei e olhei-o gentilmente nos olhos.
Ele finalmente sorriu. Sorri ao ver seu sorrir. Abracei-o forte novamente.
— Não quero te perder, Emily. – Ele murmurou em meu ouvido.
— Não vai. – Murmure também.
Puxei-o pela mão até o quintal, sentamos sobre algumas folhas secas. Deitei-me sobre suas pernas e fiquei olhando para o céu. Dominic permanecia imóvel; tinha que olhar pra ele de vez em quando, só pra confirmar que ele estava acordado, mesmo que soubesse que ele não dormia. Me senti segura junto a ele, me senti protegida, acompanhada por um protetor forte e amigo, que estaria ali pra sempre quando eu precisasse de ajuda. Além de amigo ele era gentil, querido, bonito… era tudo o que eu sempre quis; o que qualquer garota queria ter. Já comecei a pensar em proteger bem o que é meu.
— Emily, para de pensar essas bobagens. Eu sou só seu e você sabe disso. – Ele fixou os olhos prateados no céu azul.
— É que você é muito bonito. Tenho medo que outras meninas comecem a dar em cima de você; vai que você gosta delas... – Supus.
Ele virou a cabeça pra mim bruscamente, sério.
— Emily, eu te amo e você sabe disso. Iria até o fim do mundo por você e se houvesse somente você no mundo eu seria a pessoa mais feliz do universo. – Ele murmurou, fitando-me nos olhos.
Fiquei simplesmente sem palavras. Levantei-me devagar, ele me encarou a cada movimento meu.
— Sua capacidade de me emudecer me espanta. – Fitei-o nos olhos.
— Se isso foi um elogio, obrigado. – Ele sorriu torto.
— Se quiser considerar... – Dei de ombros. — Mas a intenção não foi ruim, tudo bem? – Me deitei novamente em suas pernas.
Ele assentiu lentamente com a cabeça. Suspirei profundamente e me levantei.
— Sabe o que eu estive pensando? – Ajeitei meu cabelo.
— Sei. – Ele riu.
— Ah, é sério! – Revirei os olhos.
— Desculpe, não podia deixar passar essa oportunidade. – Ele riu e se pôs em pé em um segundo.
— Enfim… Não posso sobreviver aqui sem emprego. Vou precisar de dinheiro pra me manter.
— Pode ficar tranquila. Cuido disso facilmente. – Ele manteve-se sério, olhando para mim.
— Não, não Dominic. Você não entendeu. Não quero que você pague nada do que eu precisar. Só ter sua presença comigo, sua companhia… é tudo o que eu preciso. – Murmurei enquanto me aproximava dele.
— Emily, eu me comprometi a cuidar de você. – Ele me abraçou.
— Eu sei disso, mas eu tenho que me virar sozinha! Vou tentar recuperar meu emprego no Jensen’s. É o único lugar que provavelmente vão me aceitar. – Suspirei.
— Sabe que pode me avisar se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, pode me avisar. – Ele beijou minha testa.
Sorri timidamente e me afastei dele. Andei de volta pra dentro de casa, o sol estava alto ainda. Dominic me seguiu até a cozinha. Suspirei e me escorei em um dos balcões no meio da cozinha. Voltei a pensar na minha mãe, sentia muita falta dela. Não só da minha mãe, mas do meu pai também. Ele podia ser ausente, mas continuava sendo meu pai e eu o amava tanto quanto amava minha mãe. Dominic me abraçou forte, bloqueou minha passagem com os braços ao meu redor, escorados no balcão. Trancei meus punhos em sua nuca e escorei-me em seu ombro.
— Se quiser, posso ir pra Ohio com você. – Ele sussurrou.
— Não quero dar trabalho pra você. – Murmurei fitando o luar em seus olhos.
— Fazer qualquer coisa por você é uma honra, Emily. Não se preocupe com isso. – Ele me beijou na face.
— E quando você estava pensando em ir pra lá? – Afastei meu rosto dele.
— Quando você quiser. Estou em suas mãos. – Ele riu baixo.
Eu não resisti e ri também.
— Pode ser amanhã à tarde? – Lancei um olhar piedoso na esperança que ele dissesse sim.
— Não desperdice sua graça e doçura com quem você já tem em mãos por completo. Eu te levo até o outro lado do mundo pela madrugada se você desejar. É só me dizer. – Ele afagou meus cabelos.
— Está ganhando pontos comigo, garoto. – Lembrei-me da frase da minha mãe quando ele esteve aqui conosco.
— Isso é bom, senhorita Elisabeth Anders segunda. – Ele riu.
Eu ri, ele também. Subimos até meu quarto, sentei-me na janela e fiquei fitando a rua.
— Gosto mais da noite, sabe... – Comentei nostalgicamente.
— E há um motivo específico? – Ele se sentou no chão, perto de mim.
— Lembro quando não estávamos namorando, você vinha me visitar, eu perdia as melhores horas da minha noite com alguém maravilhoso. – Eu ri.
— Nossa… Se eu soubesse que te atrapalhava tanto nem vinha aqui. – Ele se levantou e me abraçou por trás.
— Para com isso! Sabe que eu estou brincando. Você não me atrapalha! Eu amo estar perto de você, você sabe disso. – Trancei meus dedos aos dele.
 Ele soltou uma mão minha e inclinou de leve minha cabeça para trás, empurrando-a com o indicador. Ele sorriu e beijou minha testa como se estivesse beijando minha boca. Arrepiei-me toda e me virei rapidamente para trás. Atirei-me por cima dele, agarrei-me ao seu pescoço e o encarei nos olhos. Meu desejo era inocultável! Ele sabia dos meus pensamentos, mas não precisava de muito esforço pra traduzir o que eu sentia naquele momento.
Ele fechou a cara, me fitou seriamente e me soltou. Entendi o que ele quis dizer, mesmo que não tivesse dito uma só palavra.
Voltei a me sentar na janela, mas de frente pra ele. Minha decepção era aparente, por mais que eu tentasse esconder.
— Lembre-se do que você mesma disse. Eu também quero, mas sei que ainda não é a hora certa. – Ele murmurou enquanto se sentava diante de mim, no chão.
— Entendo e acho que você tem razão. Ainda sou… nova. – Enrubesci.
Ele sorriu torto e beijou minha testa rapidamente.
— Vou voltar pra casa, só pra checar como andam as coisas por lá. Vou chamar a Andy pra ficar aqui com você, pode ser? – Ele se afastou um pouco de mim.
— Claro! Há tempos não falo com ela, já sinto falta. – Sorri.
— Ótimo. Logo que chegar lá falo com ela, tudo bem? Vai ficar bem enquanto eu estiver fora e ela não estiver aqui? – Ele afagou minha bochecha.
— Isso vai demorar no máximo cinquenta segundos, então… sim, vou suportar e vou ficar bem. – Eu ri.
Ele sorriu e saltou a janela. Segui-o com o olhar e ele desapareceu.
Com ele eu estava segura, feliz. Só havia um único problema: Não sabia quanto tempo eu podia aguentar longe dele, mesmo que estivéssemos há dois centímetros de distância. Não gostava de ver seu corpo longe do meu. Deitei-me na cama, cinco segundos se passaram e Ângela saltou minha janela.
— Emy! – Ela saltou sobre mim.
Arregalei os olhos e dei um grito. Resultado dessa loucura: Uma cama quebrada. Ela me ajudou a levantar do chão facilmente. Ficamos ambas mudas, encarando a cama quebrada, pasmas.
— E agora? – Murmurei.
— Eu dou um jeito nisso, pode deixar. – Ela já ia saltando a janela.
— Ei! Aonde você vai? – Corri até ela.
Ela parou e se virou pra mim.
— Comprar uma cama nova pra você. O que mais você acha que eu ia fazer? – Ela disse em tom de obviedade.
— Ah, não! Nem pensar! Pode ficar quietinha aqui! – Agarrei-a pelos ombros e sentei-a na janela.
— Emily, eu quebrei sua cama, você tem que dormir em algum lugar! Ou não? – Ela se levantou novamente.
— Se me fizer um favor, talvez eu não precise mais dormir. – Olhei-a maliciosamente.
Ela estranhou minha feição e arregalou os olhos.
— E o que seria isso?
— Me transforme. Se me transformar eu nem vou mais parar em casa, praticamente. – Murmurei.
Ela ficou me encarando, séria. Revirou os olhos e se virou de costas para mim, saltou a janela e sumiu.
Via meu próprio reflexo em Andy. Ela era teimosa como eu. Não existia a palavra “não” em seu vocabulário. Só quando era a respeito das minhas ideias absurdas; aí sim ela dizia não. Sentei-me na janela e cruzei as pernas. Vi um vulto voar por cima de mim, me levantei rapidamente e peguei uma das estacas de madeira da cama e me preparei pra bater em qualquer coisa.
— Calma Emily. Sou eu. Abaixa isso, por favor. – Alexander me surpreendeu.
— Alex! Que susto! Não faça mais isso, por favor! – Eu joguei a madeira no chão. — Precisa de alguma coisa? – Me aproximei dele.
— Não. Só queria saber se a Andy estava com você. – Ele disse desanimado ao ver que sua resposta era não.
— Como pode ver, ela não está. – Sentei-me no chão.
Ele se sentou a minha frente.
— Por um lado isso é até bom. Precisava mesmo falar com você. – Ele estava sério.
— Aconteceu alguma coisa? – Murmurei enquanto me aproximava dele.
— Sim, mas acho que você sabe. – Ele baixou a cabeça.
— Depende. – Hesitei. — Ao que se refere? – Me afastei novamente.
— Ahm... É sobre a Andy. – Ele murmurou timidamente.
Sorri, mas contive o riso.
— E o que tem ela? – Continuei me segurando pra não rir.
— Emily, não sei quem é pior! Se é você ou o Dominic! Vocês gostam de me torturar! – Ele se exaltou, mas mantendo-se sob controle.
— Não estou torturando você! Só quero saber! Fica calmo. – Me justifiquei.
— Tudo bem. – Ele suspirou profundamente, hesitou, suspirou novamente, hesitou mais um pouco e, por fim, falou. — Sabe… quando você… gosta de uma pessoa, ela parece gostar de você e… você não tem certeza se ela realmente gosta. – Ele estava embaraçado.
— Eu entendo. – Fixei os olhos no vazio.
— Tudo bem, vou ser sincero. Eu amo a Andy. Ela é tudo pra mim. – Ele desabafou. — Preciso da sua ajuda pra saber se o que sinto por ela é recíproco ou não. Eu gosto muito dela, mas não tenho coragem de admitir.
— Nossa. Pelo jeito como você começou a falar não esperava isso de você. – Eu me admirei.
— Pois é. Eu não esperava isso nem de mim, mas é minha única opção. – Ele murmurou.
Levantei-me e fui atropelada por um vulto veloz.
— Emily! Desculpa! – Ângela saiu de cima de mim desajeitadamente.
Eu estava meio tonta, Ângela pesava muito por conta da força que tinha nos músculos, mas seus movimentos eram leves como pluma.
— Andy… podia ter… avisado... – Meus olhos se fecharam.
Senti meu corpo entorpecer aos poucos. Minha cabeça começou a doer. Pus a mão atrás da cabeça e ela estava sangrando. Olhei pra minha mão e, em seguida para Andy e Alex. Alex estava calmo, mas mantinha-se longe de mim. Ângela estava rígida. Deu alguns passos para trás e saltou a janela. Fechei os olhos e ouvi Alex falar comigo.
— Emy? Pode me ouvir? – Ele me tocou na mão.
Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, me fazendo despertar rapidamente. Minha cabeça não doía mais.
— Eu estou bem. Eu acho. – Ainda não entendia muito bem o que estava acontecendo.
— Tenho um extra nas minhas habilidades. Posso curar feridas leves. Com um pouco mais de esforço e parte das minhas energias posso impedir alguém de morrer. – Ele explicou docemente.
— Incrível! Isso é demais! – Me surpreendi.
Ele sorriu espontaneamente. Sorri de volta para ele. Ele se levantou e me ajudou a levantar também. Me coloquei de pé, ainda meio tonta, e olhei para a parede. Estava manchada.
— Acho melhor limparmos isso, não é? – Ele se agachou e fitou a mancha de sangue na parede; seus ares eram muito tranquilos.
— Como pode haver tanta diferença entre sua reação e a reação da Ângela? Ela saiu correndo daqui. Você está tão calmo. – Observei-o.
— Aprendi a me controlar. – Ele se ergueu e me fitou nos olhos. — Logo que fui transformado, abriram vergões no corpo do meu irmão e me colocaram solto de frente pra ele. Eu desmaiei de sede, de fome, mas não o mordi.
Minha boca se abriu. Ele continuava muito calmo e tranquilo.
— Quando me ergui do chão, meu irmão estava morto. Por uma hemorragia. – Ele já não tinha mais os ares alegres; tinha amargura nos olhos.
— Lamento. – Minha voz falhou.
Ele me fitou com os cantos dos olhos, sem sorrir, seu cabelo louro caindo sobre os olhos. Suspirei pra voltar a me focar no que tinha de fazer. Desci rapidamente as escadas e peguei um pano com álcool. Esfreguei bem a parede e sentei no chão.
— Já? – Perguntei para conferir.
— Sim, obrigado. – Ele tocou meu ombro e andou até a janela.
Ficou parado diante dela, fitando o vazio, amargurado.
— Alex? Está tudo bem? – Aproximei-me dele.
— Sim, está. ­– Ele suspirou. ­— Ele era tão jovem. Só tinha treze anos. – Ele murmurou.
— Nossa… Que crueldade. – Comentei.
Ele assentiu com a cabeça, calado.
— Isso foi coisa… deles? – Referia-me aos Sombrios.
— Não. – Ele foi frígido. — Matei os dez vampiros que nos capturaram assim que o vi no chão. – Ele cerrou os punhos.
Engoli seco ao ver aqueles olhos tão doces virarem breu de ira.
— Me arrependi. – Ele acrescentou. — Descobri que matar aqueles monstros não traria de volta meu irmão. Até hoje tenho pavor de matar. – Ele encarou, sem ver, o vazio.
Fiquei sem nada a dizer. Ele me fitou.
— Mas… voltando ao assunto “Ângela”. O que acha que devo fazer? – Ele voltou a ficar sereno.
Demorei um pouco pra voltar ao assunto.
— Tem que tomar coragem. Ou, se não consegue, trate-a bem, por que se ela não sente o mesmo por você, vai passar a sentir; mas se já sente, só vai fortalecer ainda mais. – Expliquei.
Ele pensou por alguns instantes e pareceu considerar minha ideia, pela expressão que fez.
— Tem razão. E mesmo que eu não a amasse tanto, ela deveria ser tratada como uma deusa, como uma verdadeira dama deveria ser tratada. – Ele se encheu de coragem.
Olhei para a janela, me surpreendi. Ângela estava ali, imóvel e silenciosa ouvindo nossa conversa toda.
— Devo ser tratado como uma dama? – Ela andou até Alex de braços cruzados e um sorriso levemente malicioso nos lábios.
— Com toda a certeza. – Ele a fitou, encantado.
Ela inclinou a cabeça para o lado e sorriu.
— Ângela, você é linda, carinhosa, gentil, bem humorada… em uma só palavra: perfeita! Quero te ter ao meu lado pra sempre. Se me desse essa honra eu seria o homem mais feliz já existente. – Ele ajoelhou-se e segurou a mão dela. — Não posso mais conter isso em mim.
— Alexander, você é perfeito… Desde quando vi você, senti que você tinha algo especial. Senti que era você! E eu quem ficaria honrada em ter você ao meu lado. – Ela o abraçou.
Quase chorei.
— Tudo bem, tudo bem. Vocês vão me fazer chorar assim! – Chacoalhei nervosamente as mãos.
Eles riram. Alexander se levantou e fitou Andy nos olhos. Ela sorriu e ele beijou sua face.
Dominic entrou pela janela. Sorriu ao ver Andy e Alex. Acheguei-me a ele pra não ficar “sobrando”.
— Olha, que coisa linda! Pensamentos alegres aqui. Que ótimo! – Ele riu.
— Agora falta a Kath se ajeitar. – Alex comentou.
Não resisti e ri. Dominic ficou meio sério quando eu ri.
— O que houve?- Murmurei para ele.
— Os objetivos dela não são muito bons quanto a isso. – Ele sussurrou.
Todos ficaram quietos ao nos ouvir falar. Ficamos nos olhando, alguns sem entender.
— E quais são os objetivos dela quanto a esse respeito? – Ângela ficou séria também ao ver a expressão do irmão.
— Notei que em uma noite, que Derick invadiu o quarto – Ele enfatizou a palavra “invadiu”. — da Emily, quando a Kath e a Andy estavam aqui…
 — Eu me lembro disso, com certeza. Só não vi a reação da Katherine quando saí. – Ângela interrompeu o irmão.
— Foquei nos pensamentos de todos que estavam aqui. A Ângela estava com raiva dele, a Emily estava assustada, o Derick estava apavorado e com raiva ao mesmo tempo… a Katherine estava estranha. Senti um bloqueio na mente dela e não consegui sondar direito. – Ele explicou alisando o queixo.
— É praticamente impossível você sondar com plena certeza os pensamentos dela. Ela possui um bloqueio mental natural. Somente com anos de estudo da mente dela é possível isso acontecer. Se eu tivesse leitura mental já saberia invadir os pensamentos dela sem problemas, pelo tempo que passo com ela. – Alex se manifestou com sua opinião.
— Explicado. – Murmurei. — Katherine é imune a auspícios. Em algum momento temos que nos reunir todos e acertar essa coisa de habilidades. Isso é muito complicado! – Pensei um pouco.
— Talvez devamos mesmo fazer isso, mas tem de ser em algum momento onde todos estejam livres e despreocupados. Fica mais fácil de sondar as pessoas nessas condições. – Ângela se aproximou de mim.
Todos ficaram quietos. Desci as escadas e fui até a cozinha. Bebi um copo de água. Fiquei segurando o copo e tentando pensar em alguém que a Katherine pudesse gostar, ou ao menos tentar gostar. Senti algo veloz passar do meu lado e arrancar o copo da minha mão.
— Dominic? – Perguntei, só por garantia.
— Errado. – Me admirei ao ver quem era.
— Você não se cansa de mim, não é, Derick. – Eu revirei os olhos.
— Preciso da sua ajuda. – Ele estava sério.
— O que posso fazer por você? – Me aproximei dele e murmurei.
— Na realidade nem eu sei. Sei que sinto uma coisa estranha por uma de vocês. – Ele se mantinha sério.
Estremeci ao ouvir sua voz dizendo aquilo.
— O que faz aqui? – Ouvi uma voz vinda das escadas.
— Alex, acho que é com você que eu tenho assuntos a tratar. – Derick andou até ele.
Alexander parou no meio das escadas, encarou Derick de cima a baixo.
— Comigo… Tudo bem. – Ele demonstrava desinteresse.
— Em particular e, a essa altura Dominic já deve suspeitar que estou aqui. – Ele murmurou.
— Sim, eu não só suspeito como tenho certeza absoluta. – Dominic disse entre os dentes apertados, enquanto descia as escadas atrás de Alex.
— Só vim conversar, pode ficar tranquilo. – Ele disse sério.
— Não me interessa o que você veio fazer aqui! Vai embora daqui agora! – Dominic andou a passos pesados em direção a ele.
Alex o segurou. Dominic lançou um olhar feroz para ele e subiu as escadas. Derick e Alex saíram porta a fora. Fiquei sem entender nada, com um pouco de medo do que Dominic faria.
Subi as escadas atrás dele. Logo que entrei no quarto o vi andando de um lado para o outro, nervoso, tenso. Suas veias das mãos estavam salientes. Ângela só acompanhava o irmão com os olhos, sem dizer nada.
— Dominic, fica calmo! Andar de um lado pro outro, tenso como você está não vai adiantar! – A irmã tentava acalmá-lo.
— Eu não admito esse garoto aqui! Já disse isso um milhão de vezes! Todo mundo sabe que ele me odeia e que eu o odeio. – Ele estava enlouquecido!
— Dominic, posso falar com você? – Eu me escorei na parede tentando me manter tranquila.
Ele parou de andar, me fitou, hesitou e andou até mim. Olhamos simultaneamente para Ângela, que se levantou e se retirou do quarto.
Segurei suas mãos fortemente e o olhei nos olhos.
— Não sabe como me faz mal te ver assim. – Continuei fitando-o, meus olhos começavam a se encher de lágrimas.
— Me desculpe. Esse cara me deixa maluco, mexe com meus instintos! Não aguento ver a cara dele em lugar nenhum! – Ele sussurrou.
Segurei seu rosto com as duas mãos.
— Pelo que eu entendi, vamos ter que nos acostumar com ele aqui. Sabe por quê? – Eu disse calmamente.
— Por quê? – Ele parecia uma criança revoltada.
— Por que, pelo que vejo, Derick se apaixonou por Katherine. – Quase sussurrei.
Dominic retirou seu rosto das minhas mãos, espantado. Alex entrou no quarto, parecia não acreditar em alguma coisa. Talvez eu tivesse mesmo razão.
— E aí, o que ele disse? – Eu andei até o Alex.
— Pergunte pra ele! – Ele se escorou na janela, incrédulo.
Suspirei e desci as escadas correndo. Derick estava sentado no sofá da sala, agarrado nos próprios cabelos. As veias de suas mãos eram salientes.
— Derick… o Alex subiu meio… atordoado pro quarto. O que aconteceu? – Sentei-me ao seu lado.
— Ele se… admirou ao perceber que os brutos também amam. – Ele estava distante.
— Como assim, me explica isso. – Me afastei um pouco dele.
Ele segurou minhas mãos e me fitou nos olhos.
— Emily, eu me apaixonei! – Ele sussurrou; parecia não acreditar nas próprias palavras.
— Se apaixonou? – Sussurrei instintivamente.
— Lembra quando a Andy quase me bateu? Na noite que eu confessei gostar dela? – Ele soltou minhas mãos.
— Sim, claro que eu lembro.
— Antes de a Katherine sair do quarto, ela ficou olhando pra mim. Aqueles olhos dela... – Ele suspirou e sorriu. — Não pude resistir àquela meiguice. – Ele baixou a cabeça.
— Ah. Entendo a razão pela qual Alexander está tão afoito. Um inimigo apaixonou-se por sua irmã. Eu ficaria no mesmo estado em que ele está. – Afastei-me e desviei os olhos.
Inimigo? – Ele me fitou. — Se eu não fosse seu aliado te mataria logo que tive oportunidade. Se eu fosse seu inimigo você nem estaria viva. Seu enterro seria junto com o do seu avô. – Ele estava nervoso.
Meu coração deu um único pulsar e não o senti mais.
— Desgraçado! – Cerrei os punhos. — FOI VOCÊ QUEM O MATOU!
— Não, Emily! Não fui eu! Foi o Roney! – Ele se levantou ao me ouvir gritar.
Levantei-me também e o encarei ferozmente.
— Você, o Roney, é tudo igual! Duas pragas na humanidade! – Berrei e corri escada à cima.
Dominic estava mais calmo, mas se agitou logo que entrei no quarto.
— Filho da mãe! – Ele socou a parede. — Sabia que ele tinha algo a ver com isso!
Abracei-o forte em meio às lágrimas.
— Foram eles, Dominic! – Agarrei-me ao seu casaco.
— Vou me vingar em nome do seu avô, minha Emy. – Ele sussurrou; pude ouvi-lo rosnar ao invés de respirar.
Atei meus punhos ao seu pescoço.
— Não faça nada que possa te ferir! Eu já perdi muita coisa! Não quero perder você também! – Beijei-o rapidamente.
— Depois que aquele cretino fez você chorar, nada mais vai me impedir de matá-lo. – Ele disse com ira na voz.
Pelo tom que o ouvi falar não havia nada que o fizesse desistir de matar Os Sombrios. Mas eu estava disposta a tudo para fazê-lo desistir. Eu o amava muito para perdê-lo! Estava disposta a me sacrificar pra cuidar dele.
Afastei-me dele, limpei minhas lágrimas e desci as escadas. Dominic ia me seguir, porém o contive.
— Fica. Preciso tomar uma decisão. Sozinha. – Fitei-o nos olhos.
— Você não pode fazer isso, Emily! – Ele me agarrou pela cintura e beijou meu pescoço.
— Para! Não adianta tentar me fazer desistir! Eu vou lá e acabou! – Soltei-o brutalmente e desci as escadas correndo.
Saí porta a fora, Derick estava ali ainda.
— Me leve pro Roney. – Eu disse fria.
Ele assentiu uma única vez, me pôs nas costas e me levou até um lugar onde eu já conhecia. O lugar onde conheci Alex. Roney estava sentado em uma cadeira, concentrado em altos planos e mapas.
— Roney, você tem visita. – Derick abriu a porta e murmurou.
Ella e Nancy estavam atrás de nós sem que eu percebesse. Era tarde pra voltar. Andei até a mesa de Roney.
— Ah, olá, jovem Emily. O que a trás aqui? – Ele tinha um sorriso atroz nos lábios.
— Imagino que o que eu tenho a lhe propor deixe você bem alegre. – Eu fixei os olhos em minhas mãos que estavam repousadas sobre as pernas.
Ele ergueu meu rosto segurando meu queixo entre o polegar e o indicador. Fitou-me docemente nos olhos.
— E o que seria? – Ele mantinha-se sorrindo, mas seu sorriso era sedutor.
Por alguns segundos me encantei com aquelas feições.
— Ahm… Pensei na sua proposta e... – Eu hesitei; Algo me dizia pra não fazer aquilo, mas eu precisava de forças pra proteger o amor da minha vida. — Quero que me transforme. – Eu disse séria e segura.
— Para que fim quer que eu a transforme? – Ele se levantou e se pôs atrás de mim, afastando meus cabelos do pescoço e aproximando-se dele.
Estremeci, nervosa, mas respondi firme:
— Quero salvar uma vida. – Tremi ao sentir seu respirar tentador sobre minha pele.
— E que vida seria essa? – Ele sussurrou; senti seus lábios sobre minha pele.
— Dominic... – Sussurrei entregando-me aos encantos de Roney.
Ele pressionou meus braços, enraivecido.
— Dominic? – Ele soltou meus braços, mas não saiu de perto de mim.
Assenti calada.
— Não vale a pena, Emily. Ele não merece você. – Ele enrolou seus braços fortes em torno do meu corpo e sussurrava ao meu ouvido.
Levemente me libertei do abraço do moço e me afastei vagarosamente dele.
— Está recusando a oportunidade de me ter do seu lado? – Joguei como emocional.
Ele aproximou-se de mim novamente.
— Emily, posso não ter auspícios como Dominic, mas eu ainda continuo sendo esperto. – Ele sussurrou.
— Roney. – Derick chamou da porta. — Temos mais visitinhas. – Eu o ouvi rir maldosamente.
Olhei para trás. Ella e Nancy atiraram Dominic diante dos meus pés, Roney me agarrou com força me impedindo de me movimentar.
— Desculpe-me. – Ouvi Dominic sussurrar.
Não resisti e chorei. Estávamos ali, frente a frente; de frente com a morte. Não havia saída. Se Dominic estava atirado no chão sem nem ao menos reagir, ele deveria estar tão fraco que nem sequer conseguia se mexer.
— Estávamos à sua espera, Dominic. – Roney me soltou, eu caí no chão.
Agarrei-me a Dominic, que continuava estirado no chão, de olhos abertos e parecendo atordoado.
— O que houve? – Sussurrei chorando.
Ele não respondia, nem sequer olhava pra mim! Aproximei-me mais dele e agarrei-me firmemente a sua mão.
— Por favor, fala comigo! – Eu clamei.
Ele ergueu os olhos pra mim, me olhou por alguns instantes e fechou os olhos. Aproximei-me mais ainda dele e o abracei forte.
Roney me agarrou pela roupa e me puxou para trás, fazendo-me ficar de joelhos. Derick puxou Dominic fazendo-o ficar de joelhos de frente para mim. Eu estava sem saída, chorando e totalmente apavorada. Dominic abriu os olhos, fixos no chão, e sorriu. Sorri de leve ao ver seu sorriso. Dominic gritou alto e caiu no chão novamente.
— Dominic! – Berrei e Roney me agarrou pelo pescoço.
Dominic se contorcia no chão feito uma minhoca.
— Para com isso! – Eu gritei.
— Tem que prestar mais atenção ao revelar seus pontos fracos, Dominic. – Roney falou maldosamente. — Derick sempre esteve a espreita, ouvindo cada palavra que você falava. – Ele explicou.
— Ele não disse nada! – Eu protestei.
— Não é difícil notar quando uma pessoa fica nervosa. – Derick disse tranquilamente. — Lembro-me de ter ouvido Dominic engolir seco ao ouvir que Rose Mary possui quimerismo.
— Droga... – Ele sussurrou.
— Cala a boca! – Roney gritou.
Dominic se retorceu berrando novamente.
— Para com isso! Me mata, mas deixa ele em paz! Eu viro o que você quiser, mas, por favor, deixe-o em paz! – Eu clamei chorando.
Roney se agachou ao meu lado, Dominic parou de gritar e se contorcer, mas estava chorando.
— Me transforme, mas deixe-o em paz. – Repeti chorando e murmurando.
— Não! – Derick se exaltou. — Ela não… vai ser útil. – Ele me encarou, tentando expressar repulsa.
— Roney, você decide. Vai me transformar ou não? – Me levantei.
— Emily... – Dominic chamou bem baixinho.
Ajoelhei-me perto dele.
— Sim? – Sussurrei.
— Não faça isso... – Ele estava com o rosto oculto pelos braços.
— Olhe pra mim. – Chamei-o.
Ele levantou a cabeça com um pouco de dificuldade e olhou para mim.
— Estou fazendo isso por você. – Eu expliquei murmurando.
— Se quer fazer algo por mim… me beija nesse momento. Vai me dar forças pra aguentar mais alguns instantes. – Ele permanecia de olhos fechados.
Agarrei-o com toda a força que ainda me restava e o beijei intensamente. Mantive em mente que isso o agitaria por conta de ele não resistir muito tempo quieto enquanto eu estava perto. Ele começou a recuperar as forças, se agitou um pouco, mas não me largou.
Afastei-me devagar, mas fiquei abraçada nele e ele em mim.
— Obrigado. – Ele murmurou, me soltou bem devagar e levantou tão rápido que eu mal vi.
Senti um vulto passar por mim e ouvi um estrondo atrás de mim. Virei para trás e vi Derick atirado em um canto sobre caixas de papelão.
— Eu vou matar você! – Dominic encarou Derick, que mal podia se mexer.
Voltei os olhos pra frente ao ouvir alguém correndo em minha direção. Roney agarrou meu braço e me mordeu no ombro. Senti uma corrente elétrica passar pelo meu corpo, senti minha cabeça quase explodir! Meu corpo estava fraco, mas estava forte. A marca da mordida se fechou rapidamente. Gritei muito alto. Os vidros estouraram. Levantei-me e tentei ficar de pé, mas caí em seguida. O ar não passava por meus pulmões. Caí no chão, deitada. Tentando recuperar o ar. Pude ouvir as risadas maldosas de Roney.
Aquele riso me provocou no meu íntimo mais profundo! Me levantei velozmente e me arremessei contra Roney que voou na parede. Atei meus punhos ao seu pescoço e apertei com força. A cabeça dele se quebrou em mil pedaços que logo viraram poeira, juntamente com o resto do corpo.
Caí de joelhos e comecei a me sentir tonta. Até que tudo se apagou. Só pude ouvir meu nome vindo da voz de Dominic, depois mais nada ouvi.

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