domingo, 1 de abril de 2012

Quinta-feira, 25 de abril

Acordei pela manhã, atrasada pra aula. Sobre meu criado mudo estava uma roupa separada. “Ele esteve aqui”, eu pensei. Me vesti rapidamente, penteei os cabelos, peguei a mochila e desci as escadas correndo. Passei pela cozinha, havia um desjejum preparado pra mim. Quase engoli inteiro o cereal e me engasguei com o leite. Escovei os dentes e saí correndo pra fora.
— Pensei que não ia pra escola hoje. – Já reconheci a voz.
— Eu também. Obrigada. – Agradeci a ele.
— Pelo que?
— As coisas prontas que deixou pra mim.
— Ah. Imagina. – Ele sorriu aquele riso magnífico que eu adorava.
Eu mal conseguia acompanhar seu ritmo, tinha que correr.
— Acho que tem um jeito melhor de não nos atrasarmos tanto. – Ele me pôs nas costas e disparou rua a fora.
Parecia que estávamos voando! Mal via onde estava, a velocidade era tanta; era emocionante! Antes que chegássemos diante da escola ele me largou, para que ninguém suspeitasse de nada.
Ele ia caminhando, rápido, e eu tentando acompanhá-lo, correndo como louca.
Conseguimos chegar a tempo na aula. Assistimos os primeiros períodos, intervalo, voltamos pra aula e, por fim, ela acabou. Ângela não havia ido à aula, deveria estar cuidando de coisas mais importantes do que adquirir conhecimentos já adquiridos. Então eu voltei com Dominic – só pra variar.
Chegamos diante de minha casa.
— Tenha uma boa tarde. – Ele beijou meu rosto e leve.
— Você também. E olha, se você não estiver aqui às oito horas não falo mais com você. – Eu ri.
— Tudo bem; vou pensar no seu caso. – Ele riu também.
Entrei correndo pela porta. Minha mãe estava cozinhando.
— Oi mãe. Dormiu bem? – Larguei a mochila sobre o sofá e corri até a cozinha para cumprimentá-la;
— Olá Emily. Dormi bem, sim, obrigada. E você, passou bem à noite? – Ela estava radiante.
— Nossa… bem é pouco! – Eu ri.
— É, eu vi. Você dormiu feito um bebezinho ontem à noite. – Ela riu.
Ri de mim mesma e voltei pra sala. Peguei a mochila e subi as escadas correndo.
— Oi pai. – Gritei do quarto.
— Oi Emily. Como foi a aula hoje? – Ele gritou do quarto.
— Foi legal. – Enfiei minha cabeça pra dentro do quarto onde ele estava.
Desci as escadas novamente e ajudei minha mãe a pôr os pratos na mesa. Depois, me sentei no meu lugar. Meu pai desceu e se sentou em seu lugar de sempre e minha mãe, no lugar dela, depois de pôr as panelas na mesa. Me servi e comi, rapidamente.
Uma pergunta estava querendo saltar da minha boca, mas, se era referente à Romênia, era melhor que eu ficasse quieta pra não fazer minha mãe chorar outra vez.
Depois que todos terminaram de comer, retirei os pratos e os lavei. Escovei os dentes e subi pro meu quarto. Sentei-me na cama e, depois de alguns instantes, me lembrei que eu tinha emprego!
— Ai que droga! Quer saber?! Não quero trabalhar lá. – Peguei o telefone e liguei para o Sr. Jensen.
— Alô? – Ele atendeu.
— Senhor… Jensen. Só liguei pra… dizer que… me demito. – Murmurei temerosa.
— Eu já suspeitava. Por isso pus outra menina em seu lugar, mas obrigada. – Ele desligou o telefone antes que eu dissesse alguma coisa.
Encarei o telefone por alguns minutos e mandei uma mensagem para Dominic.

“Não esquece: se você não estiver aqui às oito horas, pode esquecer de Emily Anders *risos*”

Me deitei na cama e fiquei encarando o teto, meu celular tocou logo que pisquei. Era uma mensagem.

“Pode deixar. Não pretendo te esquecer tão cedo.”

Dominic era muito rápido pra escrever mensagens, isso me abismava. Eu ri do meu pensamento. Conectei meus fones de ouvido no celular e fiquei escutando música, digamos que… num volume bom o suficiente pra que eu esquecesse de tudo que estava a minha volta. Ainda mais com o som pesado da guitarra e bateria da música.
Eu não podia ouvir, mas ainda via. Vi algo se mover na parede, um vulto. Levantei-me rapidamente e olhei pra janela, o único ponto de luz no meu quarto, não havia nada, mesmo assim, desconfiei. Pausei a música, tirei os fones – meus ouvidos zunindo – e andei até a janela. Olhei para fora, não havia nada. Estava começando a ser surpreendida por gente atrás de mim quando eu estava de frente pra janela.
— O que faz aqui? – Já até sabia quem era.
— Preciso da sua ajuda. – A voz de Derick saiu rouca.
Virei-me para ele, minha expressão era de indiferença.
— O que quer? – Eu disse, sem a mínima vontade.
— Tenho observado… a… você sabe quem. Ela está muito… unida com aquele irmão da loirinha. Isso não me agrada nem um pouco. – Ele bufou e se sentou no chão.
— E o que você quer que eu faça, Derick? Não posso dizer pra ela sem mais nem menos: “Ângela, o Derick está bravo por que você anda com o Alex.” E ela responder “tudo bem, mato o Alex pra ficar com ele.”. – Eu revirei os olhos e me sentei em frente a ele.
Ele me encarou sério.
— Estou falando sério. Qual é a dificuldade? Se ao menos eu conseguisse um jeito… de ganhar a confiança dela e provar que eu posso fazer ela feliz… – Ele alisou o queixo.
Eu ri baixo.
— Isso é você quem tem que resolver. E só pra lembrar: você me ameaçou de morte se eu contasse a ela. Então acho melhor que eu não me envolva. Tenho coisas maiores com o que me preocupar. – Lembrei-me de Nancy solta atrás de mim.
— Entendo. – Ele continuava pensando.
— Derick… me diz uma coisa. Nancy se separou do resto do bando? – Murmurei.
— Não. Quem disse isso? – Ele inclinou a cabeça, curioso.
— Não, não. Ninguém. Não sei… – Disfarcei.
— Emily, quem te falou isso? – Ele me fitou nos olhos.
— Roney. Ele veio aqui, à noite, e disse que poderia me proteger dela, por que sabia do que ela é capaz. Disse que se eu virasse uma de vocês, ele me protegeria. Do contrário, eu estava morta. – Expliquei.
Ele riu.
— O Roney não tem mais o que inventar pra tentar te convencer. – Ele continuava rindo.
— Como assim? – Me levantei.
Ouvi minha mãe me chamar enquanto subia as escadas.
— Derick, vai embora! Minha mãe não pode te ver aqui! Rápido! – Empurrei-o enquanto ele se levantava.
Ele saltou a janela e minha mãe entrou no quarto, quase simultaneamente.
— Sim mãe? – Me sentei na janela.
— O que faz aí? Tenha cuidado, você pode cair. – Ela pôs um monte de roupa dobrada sobre minha cama. — Guarda isso aqui. – Ela deu as costas e saiu do quarto.
Peguei as roupas e guardei, cada uma em seu devido lugar. Derick me deixara curiosa. O que Roney anda aprontando e por que está tão focado em mim?!
Corri pra janela, só pra ver se ele ainda estava ali, mas não estava e, desta vez, nem atrás de mim.
— Droga! – Esbravejei e dei um soco na parede.
Resultado dessa burrice: quebrei o indicador.
Desci as escadas correndo.
— Mãe! Acho que quebrei o dedo! – Eu urrava, chorava e falava ao mesmo tempo.
— Como assim Emily?! Como você fez isso? – Ela estava apavorada.
— Bati com a mão na parede. – Fiquei sem jeito.
Ela me encarou com uma cara de “oh, que absurdo” e pegou a chave do carro. Entramos no carro, ela me levou para o hospital, voltei com o dedo trincado e enfaixado, mas estava bem.
Subi as escadas e me joguei na cama. Adormeci por alguns instantes. Quando acordei eram oito horas. Eu nem precisei olhar pro relógio pra saber que eram oito horas. Bastou olhar pra Dominic sentado no chão, ao lado da minha cama.
— Muito pontual. – Virei-me para ele, ainda deitada.
— Na verdade estou atrasado. – Ele disse sério.
Olhei para o relógio.
— Não está, não. – Sentei na cama.
— Sim. Cheguei oito horas em ponto, mas vinte segundos atrasado. Ainda vai falar comigo? – Ele sorriu torto.
— Como você é bobo! Claro que vou. – Eu ri.
— Como você fez isso aí? – Ele deslizou o indicador sobre meu dedo engessado.
— Dei um soco na parede e fui mal sucedida. – Murmurei sem jeito.
— E eu posso saber por quê? – Ele sentou-se ao meu lado, na cama, sério.
— Já sabe. Quer me torturar, não é. – Bufei.
— Já lhe disse pra não se meter com esse cara. Ele não é… boa gente. Não confie nele, Emily. – Ele me olhou fundo com os olhos prateados como a lua.
— Ele não fez nada de mais. Só queria… – Lembrei-me da ameaça de morte que Derick proferiu contra mim se eu dissesse alguma coisa.
— Ele não fez isso… – Dominic se levantou, pois sabia do que se passava em meu pensamento, inclusive sobre a ameaça dele para mim.
— Dominic calma! Por favor! – Me levantei.
— Aparece, miserável! – Murmurou diante da janela.
Só o vi rir, de uma forma magnificamente maldosa, e se afastar da janela.
— Miserável? – Derick saltou na janela e ficou encarando Dominic com um olhar feroz.
— Acho melhor aceitar esse nome, se não quer receber coisa pior. – Dominic se impôs tranquilamente.
— O que você quer? – Derick desceu da janela, me olhou rapidamente e voltou a fitar Dominic.
— É verdade que ameaçou Emily de morte? – Dominic o fitou, parecendo tentar sondá-lo.
Ele suspirou e me encarou. Estremeci por alguns instantes.
— Ela não tem nada a ver com isso. Não me disse nada. Eu li os pensamentos dela e descobri isso. É verdade ou não? – Ele cerrou os punhos e se aproximou mais de Derick.
— Você não sabe de nada! – Derick virou as costas.
Dominic agarrou-o pelo ombro e o fez olhara para ele.
— Não dê as costas para mim, Derick! – Ele grunhiu.
— Sim! É verdade! – Derick rosnou.
Dominic não perdeu tempo e soqueou a face de Derick, que foi arremessado longe.
— Dominic, chega! – Eu gritei.
Derick se levantou e correu pra cima de Dominic. Corri e me atirei na frente de Dominic.
— Para! – Eu o encarei ferozmente.
Ele parou e me encarou parecendo querer me dizer alguma coisa.
— Vá embora daqui. Antes que você morra. – Dominic baixou a cabeça, as mãos apertadas, quase se quebrando.
Derick não disse nada e desapareceu pela janela, como sempre fazia.
— Emily, não tinha que ter se intrometido. Já tenho contas de séculos pra acertar com esse aí! – Ele continuava grunhindo.
— Acho bom você baixar seu tom comigo, Dominic. Derick é meu amigo e eu não queria ver nenhum dos dois machucados. – Encarei-o firmemente, sem me render aos lindíssimos olhos que me fitavam odiosamente.
Ele suspirou e baixou a cabeça.
— Me desculpe. – Ele me deu as costas e sentou-se em minha cama.
Inclinou-se para frente, escorou os cotovelos nos joelhos e entrelaçou os dedos nos próprios cabelos. Pelas veias salientes em suas mãos, ele ainda estava com raiva. Não me importei que ele estivesse nervoso. Sentei-me ao seu lado e o abracei.
— Me desculpe. Não queria ter falado assim com você. – Eu sussurrei.
Eu é que peço desculpas, Emily. Não deveria ter feito o que fiz. – Ele estava a ponto de chorar. — Acho melhor eu ir. Sua mãe vai subir daqui a pouco. – Ele se levantou, elegante.
— Tem certeza? – Me levantei também, meio atrapalhada.
— Sim. Em menos de dois minutos. – Ele estava sério.
— Tudo bem… Boa noite então… – Eu disse desanimada.
Ele beijou minha testa e saltou da janela. Minha mãe entrou no quarto.
— Emily, não está com fome? – Minha mãe olhou ao redor de si.
— Não, mãe. Não estou. Obrigada.
— O que houve aqui? – Ela continuava procurando alguma coisa. — Pensei ter ouvido alguma coisa cair aqui em cima.
— Ah. Foi… uma barata, que eu matei. É… – Disfarcei.
— Ah. Já disse pro seu pai que temos que comprar um spray pra matar insetos. – Ela revirou os olhos. — Mas enfim, tenha uma boa noite, filha. Não durma tarde, tudo bem? – Ela beijou meu rosto.
— Tudo bem, mãe. – Continuava desanimada.
Ela saiu do quarto e fechou a porta. Levantei da cama e apaguei a luz, quase tropecei quando voltei. Acendi a luz mortiça do abajur e me joguei na cama. Fiquei encarando o teto.
— Dominic, volta. – Eu sussurrei.
— Quem nunca foi não precisa voltar. – Ele estava sentado na minha janela, com os olhos fixos no céu.
A lua iluminava seu corpo perfeito e fazia o prateado dos seus olhos se tornarem ainda mais lindo e apaixonante.
— Pensei que tinha ido embora. – Não me levantei.
— Não consigo. Estou preso a você… só você tem a chave dessa algema. – Ele murmurava tranquilamente, ainda sério.
— Não. Também não tenho. Se eu fico um dia longe de você… parece que meu dia não foi vivido decentemente. – Murmurei.
Ele se levantou rapidamente e se sentou ao meu lado.
— Não deveria pensar assim. E se algum dia… eles conseguem me matar? – Ele sussurrou.
Levantei-me rapidamente.
— Não repita isso nunca mais! – Eu o encarei, séria.
— Emily… uma hora ou outra você vai ter que me esquecer… Quando isso acontecer, não quero que sofra. Não quero que se apegue tanto a mim. – Ele continuava murmurando.
— Se você morrer, pode ter certeza, vou junto com você. - Voltei a me deitar.
Num movimento rápido, ele se deitou antes de mim.
— Não. Não vai! – Ele me encarou.
— Ok. E se eu for primeiro? – Encarei o teto.
— Você me leva. Se eu tenho que te levar, você tem que me levar também. E outra coisa, meio óbvia por sinal: eu não vivo se você não viver também. – Ele disse naturalmente.
— Tudo bem. Vamos esquecer esse assunto. Não gosto de falar… de… morte. – Agarrei-me a ele.
— Também acho melhor assim. – Ele murmurou e envolveu seu braço em meu corpo.
Mesmo que estivesse a ponto de ter uma hipotermia, meu coração fervia. Definitivamente não conseguia esconder isso dele.
— O que sente quando está perto de mim? – Ele perguntou, inocente.
— Olha a tortura! – Lembrei.
— Estou falando sério! – Ele riu.
— O que eu sinto… Frio! – Eu ri.
— Ai, desculpe. Esqueci disso. – Ele se afastou um pouco de mim.
— Não, não! Eu sinto frio só por fora, mas isso não me incomoda, por que me sinto aquecida por dentro. – Me acheguei a ele novamente.
— Hmm. E o que mais? – Ele continuava me torturando, mas mantendo o tom inocente.
— Gosto de estar perto de você, por que você me faz rir, me faz feliz. Gosto da sensação estranha que seus olhos me causam. – Eu ri baixinho.
— Sensação estranha? Que tipo de sensação estranha? – Seus ares eram curiosos.
— Ahm… como posso dizer… Falta de concentração, intimidação, uma forte vontade de estar cada vez… mais perto de você. É algo… inexplicável – Fiquei, finalmente, sem palavras.
— Incrível… Não sabia que podia fazer você ficar tão… distante. Até conheço um pouco da minha habilidade, mas não sabia que ela era tão forte.
— Mas não é por causa dela que eu fico assim. Você, em si, me deixa assim. Só o fato de olhar pra você… – Parei de falar.
— Só o fato de olhar pra mim… – Ele me incentivou a prosseguir.
— Me deixa tonta, desnorteada, sem chão… – Corei.
— É espantoso. Sinto a mesma coisa. Consigo me perder dentro do mar que há no azul dos seus olhos. Esse sorriso perfeito e majestoso me faz… delirar e ficar tão… bobo e perdido quanto uma criança. – Ele riu.
— Jura? – Me levantei.
— Sim. – Ele se levantou também.
Baixei a cabeça e mordi o canto do lábio inferior. Ele riu e beijou meu rosto, em seguida foi espalhando beijinhos leves e doces por minha testa. Me encolhi feito criança e ri timidamente.
— O que foi? – Ele foi cauteloso.
— Nada… É que… faz cócegas. – Eu ri.
— Ah. Pensei que te deixava desconfortável. – Ele se afastou um pouco.
— Você? Me deixar desconfortável? Nunca! – Eu ri.
Ele riu também. Um silêncio pairou entre nós, só se ouvia a chuva que começava a cair na rua. Me prendi àqueles olhos como nunca prendi minha atenção em qualquer outra coisa!
Ele aproximou o rosto dele do meu, vagarosamente, e beijou meu queixo; fiquei imóvel. Subiu mais um pouco, beijou o canto do meu lábio inferior. Subiu mais um pouco, suspirou e se afastou. Baixou a cabeça e sorriu timidamente.
Fiquei rubra, senti minha cabeça um pouco mais quente do que o comum.
— Me desculpe… Seus lábios parecem gritar… pelos meus. – Ele engoliu seco e baixou a cabeça.
Eu ri torto. Eles realmente gritavam. Gritavam sempre que o via… Desesperadamente chamavam por ele. Tive que me conter para não o agarrar naquele momento!
— Mesmo não conseguindo, mesmo ficando doido se eu fizer isso, acho… acho melhor eu ir… – Ele se levantou e praticamente correu até a janela.
Suas mãos estavam trêmulas, fechadas em punho, escoradas no vidro da janela aberta. Ele escondia a face.
— Eu não consigo! – Ele urrou, baixo para não fazer alarde.
— Não precisa ir! Gostaria muito que ficasse! – Me levantei e o abracei por trás.
Senti seu corpo perfeito sendo envolvido por meus braços fraquinhos. Pude sentir sua respiração descompassada.
— Não posso ficar, Emily! Tenho medo de… fazer… alguma bobagem… – Ele estava ainda nervoso.
— Sei que não fará. Confio em você. – Abracei-me mais forte nele.
Ele desfez o aperto das minhas mãos contra seu corpo e virou-se para mim.
— Emily, não pode confiar em mim. – Ele disse rígido e rápido.
— Sim! Eu sei que posso! Eu confio em você! – Eu o fitei no profundo dos olhos.
Ele me abraçou, roçou o nariz no meu pescoço e afastou meus cabelos dos ombros.
— Não, não pode. – Ele sussurrou em minha garganta.
Fiquei simplesmente sem palavras, sem reação. A única reação que tive foi fechar os olhos, tremer e me arrepiar toda. Continuei de olhos fechados quando o senti se afastar de mim. Quando abri os olhos, ele já não estava mais ali.
Só depois que ele se foi, pude ser liberta desse transe maluco. Sentei-me na janela e fiquei olhando a chuva cair. Comecei a ficar com sono, olhei para o relógio: 03h23min. Mas aquela madrugada estava linda demais pra dormir. Sentei-me no chão e fiquei escorada na janela. Acabei por adormecer.

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