domingo, 1 de abril de 2012

Sábado, 20 de abril

Algo ficou em meu pensamento naquela manhã: E se eu realmente nunca mais o visse? – O que era muito provável! – E se eu não me lembrasse mais de como ele é?! E se eu me esquecesse de como ele tocava piano, me esquecesse de seus movimentos perfeitos e sua voz doce quando falava comigo!
Fiquei tão desesperada que comecei mesmo a me esquecer de como ele era! Eu andava de um lado para outro do quarto, tentando me lembrar de suas feições. Nada!
— Não! – Eu gritei.
Minha mãe subiu as escadas correndo.
— Emily! – Ela berrou.
— Não mãe! Não mãe! NÃO! – Eu estava atordoada.
— O que foi, meu amor? – Ela me segurou pelos braços.
— Mãe eu sonhei com ele, mãe! Ele estava lindo! Eu me esqueci de como ele é, mãe! Só posso confiar na minha memória, mãe! – Eu me desesperei.
Minha mãe suspirou, parecendo aliviada, e me soltou.
— Filha, de quem você está falando? – Ela ficou mais calma.
— Dominic, mãe! – Eu respondi como se fosse algo óbvio, o que para mim verdadeiramente era!
— Dominic? Quem é Dominic? – Ela torceu a cara.
Tentei falar alguma coisa, minha boca se abriu, mas a voz entalou na garganta.
— MÃE! Nem sequer se lembra dele! Lembra do Roney e não lembra do Dominic?! – Me revoltei, ainda atordoada.
— Filha, calma! Está falando daquele garotinho com cara de metido que você andava pra lá e pra cá? – Ela fez uma leve feição de nojo.
Arregalei os olhos.
— Mãe… Você é… FALSA! – Eu falei com repulsa.
Gemi e me sentei na cama.
— Emily! Quer mais alguns séculos de castigo?! Me respeite, ouviu bem! – Ela assumiu sua pose de “superior maternal”.
Revirei os olhos e bufei.
— Ok. Esquece… Não vai se lembrar dele… – Eu estava chateada.
— Filha… Desculpe. Só não gosto quando fala assim comigo. – Ela tentou se explicar.
Sorri de um modo forçado. Ela saiu do quarto. Fiquei mais uns tempos sentada na cama, pensando, pensando, tentando me lembrar de Dominic… Nada me vinha à mente.
Levantei-me devagar e me arrumei. Desci para tomar café. Meu dia passou… Nada de interessante, nada de novo, nada de Dominic… Nada de nada!
Toda noite que se passava eu sonhava com ele, sonhava que ele me segurava quando eu me jogava da janela. Já estava até considerando que, se eu me jogasse da janela outra vez, ele me agarraria com seus braços lindos e enfim me beijaria, sem que eu acordasse pra vida real.

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